Iranilde de Oliveira Silva
A segunda edição do Sábado Agroecológico aconteceu no dia 07/08, na praça Agroecológica Emilton Santos, em Araçatiba, Maricá. E contou com distribuição de mudas, sementes agroecológicas, orientação técnica sobre plantio e controle biológico como princípios para cultivar os alimentos de forma saudável e sustentável.
E além destes espaços contou com a Palestra Principal: Sementes Crioulas, trazendo a abordagem dos Saberes Tradicionais, guardiões da sementes, soberania e segurança alimentar, socialização do projeto germinando arte, compreensão do conceito de agrobiodiversidade, especificidades dos sistemas de produção de sementes, e o alto nível de compreensão de todo o processo de produção, bem como apresentar com maior profundidade o processo coletivo de produção de sementes da Cooperativa Bionatur, além da socialização das sementes que a cooperar já produz no município.
Este dia contou com a participação da Professora de Arte Maritania Andretta Risso como palestrante, criadora do Projeto Germinando Arte, e faz parte do MST e com a moderação e facilitação da Engenheira Agrônoma da Cooperar Joana Duboc.
A procura de inscrições para esta segunda edição foi significativa, sendo encerrada antes para evitar aglomerações e manter as ações preventivas ao covid-19. Recebemos ao total 120 inscrições antecipadas, por isso caro leitor, já anote na sua agenda, e se organize com antecedência para efetuar a inscrição. Veja mais adiante o calendário com temas, e como realizar inscrições.
Sábado Agroecológico: espaço de acolhimento, partilha e construção do conhecimento
A temática das Sementes Crioulas, atrai muita curiosidade, na busca por saber como identificar, como guardar, e propagar. E saber que tudo que nos alimenta tem origem nas sementes, aponta a necessidade de preservar esse bem da humanidade.
As sementes são a base da produção de alimentos (arroz, feijão, milho, etc), e preservar, conservar as sementes selecionadas entre gerações de famílias camponeses, guardiões(as) do banco de sementes existentes no Brasil, é preservar a continuidade da vida, é garantia da soberania e da segurança alimentar. Entende-se como semente crioula toda e qualquer material propagativo, rama, fruto, sementes, rizoma.
E vimos que embora haja políticas públicas, organização de agricultores familiares, a preservação ainda é precária, diante das condições da Indústria de Sementes Transgênica. E no contexto da preservação a palestrante Maritânia Andretta abordou sobre a importância do papel da mulher desde a domesticação das sementes ao redor das moradias, e de que até hoje.
“A nível mundial ainda, é uma produção feminina e precária. Foram as mulheres que descobriram as sementes, (…) garantir a comida, faz parte do planejamento de uma família, são as mulheres que se preocupam com o planejamento da alimentação, que lutam para que todos sejam alimentados.“
Afirma Maritânia, durante a palestra no sábado agroecológico
Outro ponto destacado pela palestrante se deu na apresentação do projeto Germinando Arte, que tem como inspiração a técnica Indígena Mexicana, criada na comunidade de Tepóztlan, no Estado de Morelo, México. E tem como princípio a luta por recuperação de sementes crioulas através da arte, além da multiplicação das mesmas pelos agricultores, que precisam recuperar a sementes que em algum momento perderam acesso dentro do contexto capitalista de produção. Saiba mais nas redes sociais do projeto no Facebook, Instagram e no Blog.
Para Jean Carlo Rocco, integrante da Rede Agroecológica de Maricá da região de Itapeba, “Sábado agroecológico tem possibilitado um estreitamento, diálogos, vivências e um acolhimento aos atores da comunidade”. Ainda sobre o tema das Sementes Crioulas
“Foi muito pertinente visto que temos passado por momentos de grandes desafios, relacionados à soberania e segurança alimentar. E a palestra da Maritânia, trouxe questões, despertamento, e provocativas relacionadas ao perigo dos transgênicos, dos Agrotóxicos e de um possível controle das grandes corporações pelas nossas sementes, inclusive as sementes ancestrais. Tornando aí, um sério agravante, para ir comprometendo por completo a questão da soberania alimentar, nossa autonomia do processo de produção de sementes e do que iremos nos alimentar”
Reiterou Jean Carlo Rocco.
Em um momento importante da partilha de conhecimento, Dona Lucia Martins, trouxe suas memórias afetivas, relembrando do quintal, da sua morada com mãe a avó na cidade do Rio de Janeiro, e que havia um momento importante “Nós agradecíamos sempre, por quem produzia nossos alimentos”. Ela nos conta que tem mobilizado seus vizinhos, sobre plantar em casa, organizar um espaço para produzir alimentos e pretende ir a todos os Sábados Agroecológicos.
O Secretário de Agricultura Júlio Carolino fez uma fala de agradecimento a Cooperar pela qualidade na realização do evento, e ressaltou a parceria que a mesma tem com a SECAPP, e falou sobre o próximo projeto que a secretaria quer implantar de coleta dos resíduos orgânicos da população para realização da compostagem, diminuindo a produção de resíduos sólidos nos aterros sanitários, e dando o destino devido ao aos resíduos orgânicos à formação e composto orgânico de qualidade.
E as sementes das Unidades Agroecológicas?
A Eng. Agrônoma Joana Duboc, explicou como a cooperar se insere no município e assume o compromisso de ser promotora da agrobiodiversidade, que é a nossa capacidade de estar em constante aprimoramento da geração de culturas alimentares biodiversas, todas as mudas e sementes utilizadas são agroecológicas, como as da BIONATUR, e em cada unidade há interesse de receber sementes crioulas de diversos territórios e produzir sementes adaptadas às condições de Maricá. No caso das sementes produzidas no Unidade de Produção Manu Manuela, pode-se considerar sementes, ou material propagativo, com alta capacidade de desenvolvimento em áreas degradadas.
Foram distribuídas mudas de cebolinha, salsa, coentro, pimenta biquinho, rúcula e alface, e sementes BIONATUR: Salsa Lisa, Agrião crioulo, Girassol Crioulo, Mostarda Crespa, Couve manteiga, Alface 4 estações, Alface Crioula, Ervilha crioula, Repolho louco de verão, Jiló.
Além destas sementes, agricultores locais partilham suas sementes com as unidades, a exemplo das que estão na Unidade Manu Manuela, como Milho, Feijão de porco, Batata doce (cenoura, branca e roxa), rama de aipim, Inhame, Vinagreira, banana, e das ervas aromáticas e medicinais: Hortelã pimenta, alecrim, Lavanda, Manjericão. As últimas partilhas que chegaram foi de açafrão, e taioba manteiga.
Salve as datas na sua agenda do próximo Sábado Agroecológico
O espaço vai acontecer todo primeiro sábado de cada mês até dezembro 2021. É uma meta relacionada ao termo de Colaboração técnica 018/2020, celebrado entre a Cooperar e a Prefeitura de Maricá, via Secretaria de Agricultura (SECAPP).
Acompanhe as redes sociais da Cooperar, e da Prefeitura de Maricá. As inscrições podem ser realizadas pelo telefone (WhatsApp) 21 97997-3731.